sexta-feira, 23 de maio de 2008

Jovens temem o Jornalismo Investigativo

O jornalismo investigativo é considerado muito perigoso pelos jovens jornalistas. Por esse motivo, eles têm preferido outros campos de atuação. Essa foi a conclusão de painel sobre o tema que ocorreu em março em Brasília, durante a reunião de meio de ano da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP).


As universidades teriam papel fundamental na formação de novos jornalistas investigativos, promovendo-lhes capacitação mais adequada. Além disso, uma legislação que apóie e defenda os repórteres investigativos incentivaria o trabalho de novos jornalistas.


Uma das propostas apresentadas foi a de criação de um instituto interamericano de jornalismo investigativo. Tal entidade promoveria capacitação adequada a partir do contexto jornalístico de cada país. Jornalistas seriam treinados nas próprias salas de redação, por meio de assessoria do instituto no local de trabalho. Também caberia à instituição apoiar juridicamente todos os países membros, afim de garantir a liberdade em divulgar as informações apuradas.

Janaina Cortez
e-mail: janainacortez@gmail.com
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segunda-feira, 12 de maio de 2008

Você tem orgulho de ser jornalista?

Com tantos problemas, a profissão de jornalista pode ser até considerada um dom: não é qualquer um que agüenta a jornada de plantões e de longas horas de trabalho. Isso somada a baixa remuneração e o mercado de trabalho cada vez mais escasso. Então, vem a pergunta. Afinal, o jornalista tem orgulho da profissão?

Para responder a esta pergunta o Comunique-se realizou uma enquete com seus usuários contendo três perguntas: Você tem orgulho de ser jornalista? Você se sente realizado com a profissão? Você se arrepende de ter escolhido o jornalismo?


O resultado expôs o lado “mais romântico” do jornalista brasileiro: 58,91% dos profissionais têm, sim, orgulho da profissão. Menos de um terço do total, 27,43% tem algum orgulho, 8,64% têm pouco orgulho e apenas 4,99% não tem nenhum orgulho de ser jornalista.

“O resultado reflete as péssimas condições de trabalho, a existência de poucos jornais, e outros meios de comunicação. A última vez que tive acesso a esse tipo de estatística (e este quadro não deve ter mudado muito) havia uma proporção de quatro candidatos para um emprego. O que um jovem formado pode pensar a respeito da profissão diante de um quadro melancólico como esse?”

No entanto, apesar de mais da maioria dos votantes atestar que tem orgulho de ser jornalista, 51,93% dos entrevistados não se sentem realizado com a profissão. Os que se sentem plenamente realizados somaram 31,38% dos votos. “Eu poderia ser melhor remunerado, mas isso não tem a ver com realização. Eu sinto que, com o jornalismo que faço, contribuo de alguma forma com o mundo. Isso é muito bom!”, diz Magela Lima, repórter do Diário do Nordeste. Quase 6% dos usuários do portal Comunique-se responderam que é impossível se sentir realizado nesta profissão.

A boa surpresa para o jornalismo brasileiro descoberta pela enquete é que, apesar de todos os pesares, 77,46% dos pesquisados não se arrepende de ter optado pelo jornalismo como profissão. É o caso de Fernanda Cunha, que foi coordenadora do site Brasil com Alckmin durante as eleições. “Quando penso no salário, na dificuldade de conseguir um trabalho legal, no dia-a-dia corrido, não ter horário, feriado ou fim de semana, aí me arrependo. Mas, quando penso no que o jornalismo me proporciona, acho que fiz a escolha certa. Embora às vezes eu entre em crise, não consigo me ver sendo outra coisa”, afirma.

Menos de 10% dos entrevistados se arrependem de ter escolhido jornalistas. Destes, 5% responderam que vão procurar outra faculdade.

Janaina Cortez
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domingo, 4 de maio de 2008

Essa tal Liberdade


No dia 3 de Maio comemoramos o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, mas será que nós jornalistas somos realmente livres?


Esse dia também é usado para recordar os milhares de jornalistas que perderam a vida em missão, em busca de informação, em busca da verdade.


Dois períodos históricos vieram-me à mente quando sentei para pensar um pouco sobre esta data e o que ela representa atualmente. O primeiro é mais remoto. Trata-se do Século das Luzes (século XVIII), na Europa e EUA.


O segundo é mais próximo, tanto no tempo, quanto no espaço. Falo das ditaduras militares da segunda metade do século XX, no Brasil.


O efeito mais direto dos iluministas foi a inversão da ordem social estabelecida com os princípios herdados da era Medieval. Mas, um outro efeito, mais profundo e imperceptível se processava nos porões do pensamento. Uma transformação radical alterava a posição que o ser humano ocupava dentro da natureza e da sociedade, foram instituídos os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade entre os povos.


“Posso discordar do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.” Esta frase, de Voltaire, ilustra um grande anseio de liberdade de pensamento e de comunicação.


A Declaração Universal dos Direitos Humanos é fruto do Século das Luzes. Reza o artigo 19 desse documento: “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.”


Bem, quase dois séculos depois, na América Latina, “o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões” virou uma grande utopia.


A informações era violentamente censuradas pelo regime, por meio de torturas físicas e psicológicas, exílios, assassinatos e atentados, ou mesmo a cassação dos direitos políticos de centenas de jornalistas.


O caso mais expressivo talvez tenha sido o do jornalista Vladimir Herzog, enforcado em sua cela na sede do comando do II Exército, em São Paulo, no dia 25 de Outubro de 1975.


Enquanto as classes médias da sociedade brasileira assistiam extasiadas, pela TV em cores, ao jogo da final Brasil 4 X 1 Itália, da copa de 1970, no México, nos calabouços do regime existiam homens sendo mortos friamente.


Após o movimento das “Diretas Já” (1984), reinicia-se um processo de redemocratização política no Brasil. A partir de então, novos ares começaram a pairar sobre os meios de comunicação.


Mas, calma. As coisas não melhoraram da noite para o dia; e nem estão completamente sanadas. Acredito que produzir memória (crítica ou narrativa) é uma ação de responsabilidade social.


A “Liberdade de Imprensa” que, desejo é uma construção cotidiana interminável e incansável. Acredito que a liberdade de imprensa é indissociável de responsabilidade social.


Eu, Jornalista do Blog Assessorando, faço meu trabalho por que acredito (por mais difícil que seja) na possibilidade de construirmos um espaço de convivência social mais justo, menos violento, mais fraterno e mais igualitário.


O espaço que reservo para os leitores fazerem seus comentários é um lugar democrático, no qual deposito o desejo de ver debates que contribuam para a consolidação do regime democrático em nossa sociedade.


O jornalista não pode se limitar a informar sobre as mudanças ocorridas, mas deve ser também, ele próprio, um agente de mudança.


Parabéns pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa!


Janaina Cortez
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