Esse dia também é usado para recordar os milhares de jornalistas que perderam a vida em missão, em busca de informação, em busca da verdade.
Dois períodos históricos vieram-me à mente quando sentei para pensar um pouco sobre esta data e o que ela representa atualmente. O primeiro é mais remoto. Trata-se do Século das Luzes (século XVIII), na Europa e EUA.
O segundo é mais próximo, tanto no tempo, quanto no espaço. Falo das ditaduras militares da segunda metade do século XX, no Brasil.
O efeito mais direto dos iluministas foi a inversão da ordem social estabelecida com os princípios herdados da era Medieval. Mas, um outro efeito, mais profundo e imperceptível se processava nos porões do pensamento. Uma transformação radical alterava a posição que o ser humano ocupava dentro da natureza e da sociedade, foram instituídos os princípios de liberdade, igualdade e fraternidade entre os povos.
“Posso discordar do que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo.” Esta frase, de Voltaire, ilustra um grande anseio de liberdade de pensamento e de comunicação.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é fruto do Século das Luzes. Reza o artigo 19 desse documento: “Todo o indivíduo tem direito à liberdade de opinião e de expressão, o que implica o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões e o de procurar, receber e difundir, sem consideração de fronteiras, informações e idéias por qualquer meio de expressão.”
Bem, quase dois séculos depois, na América Latina, “o direito de não ser inquietado pelas suas opiniões” virou uma grande utopia.
A informações era violentamente censuradas pelo regime, por meio de torturas físicas e psicológicas, exílios, assassinatos e atentados, ou mesmo a cassação dos direitos políticos de centenas de jornalistas.
O caso mais expressivo talvez tenha sido o do jornalista Vladimir Herzog, enforcado em sua cela na sede do comando do II Exército, em São Paulo, no dia 25 de Outubro de 1975.
Enquanto as classes médias da sociedade brasileira assistiam extasiadas, pela TV em cores, ao jogo da final Brasil 4 X 1 Itália, da copa de 1970, no México, nos calabouços do regime existiam homens sendo mortos friamente.
Após o movimento das “Diretas Já” (1984), reinicia-se um processo de redemocratização política no Brasil. A partir de então, novos ares começaram a pairar sobre os meios de comunicação.
Mas, calma. As coisas não melhoraram da noite para o dia; e nem estão completamente sanadas. Acredito que produzir memória (crítica ou narrativa) é uma ação de responsabilidade social.
A “Liberdade de Imprensa” que, desejo é uma construção cotidiana interminável e incansável. Acredito que a liberdade de imprensa é indissociável de responsabilidade social.
Eu, Jornalista do Blog Assessorando, faço meu trabalho por que acredito (por mais difícil que seja) na possibilidade de construirmos um espaço de convivência social mais justo, menos violento, mais fraterno e mais igualitário.
O espaço que reservo para os leitores fazerem seus comentários é um lugar democrático, no qual deposito o desejo de ver debates que contribuam para a consolidação do regime democrático em nossa sociedade.
O jornalista não pode se limitar a informar sobre as mudanças ocorridas, mas deve ser também, ele próprio, um agente de mudança.
Parabéns pelo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa!